
Ela sempre me seguia com o olhar, abertamente, acintosamente, parecendo adivinhar
meus pensamentos, minhas ansiedades. à
espreita de… à espera de… Com o dom de descortinar almas errantes e
puras, me fazendo sentir uma nudez que expõe,
cora e humilha. Evitá-la era minha rotina. Existia medo, preconceito, desconhecimento,
covardia….
Mas….Aconteceu…. em uma tarde suave de outono, entre uma página
e outra de um livro , ergo o olhar, lá está… sentada a mesa bebendo do meu copo, da minha
bebida. Como chegou? Não sei, mas parecia se sentir em casa, assim
como quem mora anos e conhece as birras, as manhas, os segredos das portas
emperradas, como quem conhece o som do motor da geladeira e do coração de quem
a pertence. No começo quis expulsá-la, bater-lhe a porta, gritar, brigar… de nada adiantava, ela permanecia. Depois
reinou o silêncio, assim ficamos por longos dias. Com o tempo passamos a
algumas palavras, depois frases e sem que notássemos já conversávamos
francamente, sem dissimulações e até simpatia. Assim ficou… Ensinou que a vida muda, que
precisamos gostar de nós mesmos, nos conhecer… e que há um tempo para tudo. Hoje ela vive comigo, na minha casa, brincamos
e brigamos como deve ser, já não tenho medo.
A Solidão só assusta quando chega, depois é uma boa companhia. Sei que um dia vai me deixar, estarei pronta e melhor, mais madura. E esta solidão, agora amiga, estará sempre me
lembrando de nossos dias juntos. Posso
viver com ela ou sem, já não temo mais.
Fênix e sua mais nova amiga: a solidão.
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